Acordamos, sem a pressa característica da maioria de nossas viagens,
sem maiores pretensões do que fazer. Nosso único compromisso era a
compra da camisa do Peñarol para nosso filho e já sabíamos o endereço, a
Avenida 18 de Julio. Na nossa outra passagem pelo Uruguai estivemos lá e
eu lembrava claramente de muitas lojas, inclusive a própria loja da
Puma, onde iríamos, com sorte, encontrar o modelo tão desejado.
Depois
de um farto café da manhã no hotel, saímos em busca do ônibus de linha que nos
levaria até a Ciudad Vieja. Rápido e tranquilo, entramos na linha que
leva de Punta Carretas até lá e ficamos nos maravilhando com a
quantidade de gente com seus tablets, smartphones e notebooks abertos no
ônibus. Igualzinho ao Recife...ai, ai...
Indo para a Ciudad Vieja encontramos antes a Plaza Independencia, com todo o charme do Palacio Salvo, aquele que foi a torre mais alta da América do Sul até 1935. Meu filho mais novo adorou esse edifício na outra vez que fomos à Montevidéu. Não sei se o nome "Palacio" ajudou, mas ele fez questão de entrar e conhecer. É um lugar emblemático e muito charmoso, que tem muitas residências e alguns estabelecimentos comerciais.
Nessa praça também temos a sede do governo, o mausoléu do General Artigas e o Teatro Solis, um pouco mais abaixo. O teatro é lindo, tem visitas guiadas em espanhol, inglês e português, mas passamos essa visita, pois já a fizemos em 2011. Junto ao mausoléu foi colocado um painel homenageando o bicentenário do Uruguai, com uma mostra fotográfica comemorando os 250 anos de Artigas, "Nuestra historia esta llena de futuro", várias fotos de uruguaios de braços cruzados .
Já na Ciudad Vieja,
decidimos dar um pulinho na Catedral Metropolitana. Da outra vez que
estivemos em Montevidéu ela estava fechada, mas desta vez conseguimos
entrar, rezar e olhar a sua suntuosidade e riqueza de detalhes.
Saímos
às 12 horas e ainda conseguimos ouvir as bandas de música que saem de
todos os lados para homenagear o General Artigas. Elas desfilam e tocam
em frente ao mausoléu do próprio na Plaza Independencia. É possível
entrar e visitar, fica embaixo da estátua imponente, mas nunca tive essa
curiosidade.
Seguimos pela Ciudad Vieja pela Peatonal Sarandí, rua de
muitas lojas, restaurantes e museus e com algumas surpresas pelo caminho.
Paramos no Museu Torres
Garcia, aproveitei para comprar umas lembrancinhas para os meninos que
lembrassem um painel que havia no hall do hotel e que eu me apaixonei.
Para quem quer presentear um amigo, tem bons souvenirs, interessantes e
bonitos. Eu adorei essa América do Sul de cabeça para baixo!
Barriga
ainda cheia do café da manhã, saímos andando sem o menor compromisso.
Fomos caminhando até encontrar um dos restaurantes que eu havia
selecionado para conhecer, o Estrecho. Sem fome ainda, continuamos a
caminhada até chegarmos ao Mercado del Puerto. Não sei se foi a hora, ou
se por já ter ido lá outra vez, não encheu meus olhos. Demos um giro,
tomamos um Medio y Medio bem gelado e já estávamos indo embora quando
mais uma pessoa em um dos restaurantes, o Estancia del Puerto, chamou
nossa atenção oferecendo o lugar para almoçarmos. Falamos que não
estávamos com fome, pois minha cabeça ainda estava no Estrecho, mas ele
insistiu, oferecendo um chopp gelado. Alguém ia resistir?
Tomamos
o chopp, que caiu muitíssimo bem, e o "senhor gentileza" ainda colocou
uma linguiça para degustarmos. Ficou difícil sair dali. Conversamos um
pouco enquanto comemos a linguiça, tomamos outros chopps e descobrimos
que ele (chama-se Cristian) já havia morado no Brasil. Decidimos comer
uma pamplona, ele avisou que as porções eram fartas e isso era verdade.
Dois gringos chegaram querendo almoço e sentaram ao nosso lado no
balcão, foram advertidos pelo garçom que os pratos eram generosos e
pediram uma parrillada completa. A cara deles com a quantidade de comida
quando chegou o caldeirão (sim, caldeirão) de carne foi inesquecível.
Eu e Flávio comemos sem a menor pressa. Ai como isso é bom! Minha rotina
é tão puxada, almoço tão rápido que quando me dou ao direito de ficar
assim é um delírio!
Resolvemos
voltar para comprar a camisa de meu filho. Caminhamos bastante,
aproveitando para olhar o movimento de várias lojas de aluguel de
bicicletas próximas ao Mercado (boa dica para quem dar umas pedaladas
por Montevidéu), até que passamos na frente do Estrecho mais uma vez.
Não deu pra resistir, resolvemos só dar uma "olhadinha".
Muito
interessante, as pessoas comendo no balcão (esses uruguaios adoram um
balcão!) em um lugar estreito, como não poderia deixar de ser pelo nome.
Os chefs preparam os pratos na nossa frente, tudo com muito capricho e
cuidado, deixando um toque de arte em cada prato. Vi saladas
lindíssimas, sobremesas elaboradas, peixes e carnes bonitos e bem
apresentados. O menu varia diariamente e a frequência é realmente de
locais, na hora que estávamos lá, aparentemente só nós éramos turistas. A
garçonete que nos atendeu foi muito simpática, a Noemy. Decidimos tomar
um vinho para observar um pouco o desempenho da Maria e do Juan Carlos
(acho que o nome era esse...), os chefs em ação. É uma experiência gastronômica interessantíssima!
Ah, a baguete com lomo estava extra!!! E o vinho também!
O que fazer depois disso? Andar, andar, andar!!! Ah! E comprar a camisa do Peñarol!
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