segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Como não amar esse lugar?

Caminhamos pela Avenida 18 de Julio, compramos a camisa do Peñarol e procuramos a parada de ônibus para voltar ao nosso hotel. Perguntamos o valor da passagem a um senhor na parada a fim de facilitar o troco, pois muitos ônibus em Montevidéu não tem cobrador, você paga direto ao motorista. Ficamos na dúvida se seriam 22 ou 23 pesos, o que eu acreditava que era o valor certo. Entramos na frente dele, conseguimos um lugar para sentar. Ele passou por nós, rindo e comentando que
afinal o valor era o que eu achava, os 23 pesos mesmo e sentou um pouco mais atrás. Eu e Flávio ficamos conversando, sonhando um pouco com o dia interessante que estávamos vivendo. Pouco depois, esse senhor foi descer do ônibus e perguntou se éramos brasileiros. Uruguaios adoram brasileiros, é incrível! Esse gostou mesmo de nós, nos presenteou com um guia de Montevidéu, somente pela nossa troca de amabilidades e sorrisos. Para nós já não foi tão útil, estávamos nos despedindo da cidade, mas talvez para Carlos e Cláudia, talvez para a próxima vez...
De volta ao hotel, ainda caminhamos (pra variar) um pouco, apenas para nos refazermos da comilança e dos passeios do começo da tarde. Decidimos...andar mais! fomos até Pocitos e aproveitamos o fim de tarde pela Rambla de Montevidéu. Sempre muito bem cuidada, limpa, com suas praças e jardins agradáveis, sem falar no "mar" que é o Rio da Prata a nos acompanhar. Delícia!!!
De vez em quando algo inusitado aparece, seja um prédio diferente, como este com uma réplica da Vitória de Samotrácia na fachada, ou o encontro mais engraçado que tivemos.
Estávamos caminhando pela Rambla quando ouvimos uma buzina, coisa bem incomum em Montevidéu. Não valorizamos e continuamos nossa caminhada. Percebemos que o motorista abriu o vidro e ficou acenando para nós. Achamos que ele poderia estar falando com alguém que deveria estar ao nosso lado ou ele estava nos confundindo com outras pessoas, até que ele disse bem alto: "É o Cristian, do Mercado!". Nosso gentil garçom da Estancia del Puerto, que não sei como, nos reconheceu mesmo com outras roupas. Muito divertido, reconhecidos em Montevidéu...!
Já em Punta Carretas, encontramos na Rambla um bar/restaurante muito agradável, El Viejo y El Mar (Rambla Gandhi, 400, é a rua da saída do Shopping Punta Carretas). Como sou fã de Hemingway, gostei do nome e decidi entrar. É muito agradável, boa música, um ambiente interno que até lembra um barco e um externo, com  algumas cadeiras acopladas às mesas lembrando balanços. Tem um jardim muito bonito e um cheirinho de lavanda delicioso, pois há vários canteiros com flores lindas. Isso e o barulhinho das ondas de quebra. Nada como um bom tannat para acompanhar o clima de fim de tarde, que tal?
Sem esquecer que estávamos em pleno 31 de outubro, dia de Halloween, foi muito engraçado ver  lá do bar inúmeras crianças fantasiadas de bruxinhas e monstrinhos andando pelas ruas do bairro, pedindo gostosuras ou travessuras. Lembrei dos gibis da Luluzinha que lia quando criança. Elas foram depois ao shopping pedir doces ou "assustar" as pessoas nas lojas. Muito bonitinho!!! Só fiquei morrendo de pena das professoras...
A noite chegou e a hora de dizer até breve também. Para terminar o passeio fomos ao La Perdiz (Guipúzcoa, 350, Punta Carretas. Em frente à pracinha do Hotel Sheraton. ), muito recomendado por amigos e próximo de onde estávamos. Não tive uma excelente impressão... Acho que me acostumei mal com o excesso de simpatia e cortesia dos outros atendentes dos lugares que fomos, lá fomos apenas bem atendidos, com muito profissionalismo, mas nada demais.

Bom, o cardápio é muito completo, com comida para todos as preferências, muita variedade de bebidas. Não havíamos feito reserva, portanto, apesar de ser ainda bem cedo da noite, a parte interna estava lotada. Resolvemos ficar em uma mesa na calçada, curtindo o frio. Eles distribuem ponchos, para que ninguém fique desconfortável por estar no lado de fora. Interessante. Pedimos uma carne, excelente, por sinal, uma massa, também muito gostosa e um vinho para fechar a viagem. Saboreamos tudo com aquele gostinho de já quero mais...
De volta ao hotel, arrumamos a mala, descansamos um pouco e no dia seguinte rumamos para o aeroporto. Viagem perfeita, sem defeitos. Como não amar o Uruguai?





quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O direito a um dia sem pressa

Acordamos, sem a pressa característica da maioria de nossas viagens, sem maiores pretensões do que fazer. Nosso único compromisso era a compra da camisa do Peñarol para nosso filho e já sabíamos o endereço, a Avenida 18 de Julio. Na nossa outra passagem pelo Uruguai estivemos lá e eu lembrava claramente de muitas lojas, inclusive a própria loja da Puma, onde iríamos, com sorte, encontrar o modelo tão desejado.
 Depois de um farto café da manhã no hotel, saímos em busca do ônibus de linha que nos levaria até a Ciudad Vieja. Rápido e tranquilo, entramos na linha que leva de Punta Carretas até lá e ficamos nos maravilhando com a quantidade de gente com seus tablets, smartphones e notebooks abertos no ônibus. Igualzinho ao Recife...ai, ai...
Indo para a Ciudad Vieja encontramos antes a Plaza Independencia, com todo o charme do Palacio Salvo, aquele que foi a torre mais alta da América do Sul até 1935. Meu filho mais novo adorou esse edifício na outra vez que fomos à Montevidéu. Não sei se o nome "Palacio" ajudou, mas ele fez questão de entrar e conhecer. É um lugar emblemático e muito charmoso, que tem muitas residências e alguns estabelecimentos comerciais.
Nessa praça também temos a sede do governo, o mausoléu do General Artigas e o Teatro Solis, um pouco mais abaixo. O teatro é lindo, tem visitas guiadas em espanhol, inglês e português, mas passamos essa visita, pois já a fizemos em 2011. Junto ao mausoléu foi colocado um painel homenageando o bicentenário do Uruguai, com uma mostra fotográfica comemorando os 250 anos de Artigas, "Nuestra historia esta llena de futuro", várias fotos de uruguaios de braços cruzados .

Já na Ciudad Vieja, decidimos dar um pulinho na Catedral Metropolitana. Da outra vez que estivemos em Montevidéu ela estava fechada, mas desta vez conseguimos entrar, rezar e olhar a sua suntuosidade e riqueza de detalhes.
Saímos às 12 horas e ainda conseguimos ouvir as bandas de música que saem de todos os lados para homenagear o General Artigas. Elas desfilam e tocam em frente ao mausoléu do próprio na Plaza Independencia. É possível entrar e visitar, fica embaixo da estátua imponente, mas nunca tive essa curiosidade.
Seguimos pela Ciudad Vieja pela Peatonal Sarandí, rua de muitas lojas, restaurantes e museus e com algumas surpresas pelo caminho. 


Paramos no Museu Torres Garcia, aproveitei para comprar umas lembrancinhas para os meninos que lembrassem um painel que havia no hall do hotel e que eu me apaixonei. Para quem quer presentear um amigo, tem bons souvenirs, interessantes e bonitos. Eu adorei essa América do Sul de cabeça para baixo!

Barriga ainda cheia do café da manhã, saímos andando sem o menor compromisso. Fomos caminhando até encontrar um dos restaurantes que eu havia selecionado para conhecer, o Estrecho. Sem fome ainda, continuamos a caminhada até chegarmos ao Mercado del Puerto. Não sei se foi a hora, ou se por já ter ido lá outra vez, não encheu meus olhos. Demos um giro, tomamos um Medio y Medio bem gelado e já estávamos indo embora quando mais uma pessoa em um dos restaurantes, o Estancia del Puerto, chamou nossa atenção oferecendo o lugar para almoçarmos. Falamos que não estávamos com fome, pois minha cabeça ainda estava no Estrecho, mas ele insistiu, oferecendo um chopp gelado. Alguém ia resistir?
Tomamos o chopp, que caiu muitíssimo bem, e o "senhor gentileza" ainda colocou uma linguiça para degustarmos. Ficou difícil sair dali. Conversamos um pouco enquanto comemos a linguiça, tomamos outros chopps e descobrimos que ele (chama-se Cristian) já havia morado no Brasil. Decidimos comer uma pamplona, ele avisou que as porções eram fartas e isso era verdade. Dois gringos chegaram querendo almoço e sentaram ao nosso lado no balcão, foram advertidos pelo garçom que os pratos eram generosos e pediram uma parrillada completa. A cara deles com a quantidade de comida quando chegou o caldeirão (sim, caldeirão) de carne foi inesquecível. Eu e Flávio comemos sem a menor pressa. Ai como isso é bom! Minha rotina é tão puxada, almoço tão rápido que quando me dou ao direito de ficar assim é um delírio!

 Resolvemos voltar para comprar a camisa de meu filho. Caminhamos bastante, aproveitando para olhar o movimento de várias lojas de aluguel de bicicletas próximas ao Mercado (boa dica para quem dar umas pedaladas por Montevidéu), até que passamos na frente do Estrecho mais uma vez. Não deu pra resistir, resolvemos só dar uma "olhadinha".
Muito interessante, as pessoas comendo no balcão (esses uruguaios adoram um balcão!) em um lugar estreito, como não poderia deixar de ser pelo nome. Os chefs preparam os pratos na nossa frente, tudo com muito capricho e cuidado, deixando um toque de arte em cada prato. Vi saladas lindíssimas, sobremesas elaboradas, peixes e carnes bonitos e bem apresentados. O menu varia diariamente e a frequência é realmente de locais, na hora que estávamos lá, aparentemente só nós éramos turistas. A garçonete que nos atendeu foi muito simpática, a Noemy. Decidimos tomar um vinho para observar um pouco o desempenho da Maria e do Juan Carlos (acho que o nome era esse...), os chefs em ação. É uma experiência gastronômica interessantíssima!


Ah, a baguete com lomo estava extra!!! E o vinho também!












O que fazer depois disso? Andar, andar, andar!!! Ah! E comprar a camisa do Peñarol!

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Finalmente La Pulperia!!!

Depois de caminharmos pelo Parque Rodó, fomos ao Shopping Punta Carretas em busca de presentes para os nossos filhos. A missão é sagrada, temos que comprar sempre uma camisa oficial do clube predileto da vez, e dessa vez era a do Peñarol, previamente escolhida e com fotos enviadas pelo WhatsApp. Não encontramos... O shopping é pequeno, poucas opções de lojas e na da Puma não havia camisas do tamanho que queríamos. Bom, isso definiu o nosso roteiro do dia seguinte: Avenida 18 de Julho. Voltamos para o hotel para um breve descanso e nos organizarmos para o jantar.
Deu para ver que roteiro foi algo que passou longe, mas adorei esse improviso todo. Foi bom ter direito a uns dias sem ter pressa para fazer as coisas, simplesmente desfrutando do prazer de caminhar por caminhar, aproveitando o sol, a brisa geladinha, a tranquilidade...
À noite a programação estava definida, tinha que ser a Parrillada La Pulperia (Lagunillas, 448, esquina com J.Nunez, Punta Carretas.). Todos que tentaram nos ajudar a chegar lá disseram que a comida era espetacular, então tínhamos que conferir se aquele "buraco" era bom mesmo.
Era. Simples assim.

Só indo lá para entender... balcões de um lado, de outro e fora, o braseiro lá atrás e a decoração...ai, ai...
Bom, combina com o lugar! A comida realmente é tudo o que li. Carnes saborosíssimas, cerveja gelada no ponto e altíssimo astral. Tem que ir lá para conferir, não dá pra descrever. Recomendo também um tira-gosto de provolone com ervas. Extra!




O ojo de bife estava bem suculento, a porção é generosa.






Mas que a decoração é feia, isso é. Um amontoado de coisas de mau gosto e que dão certo com o lugar. Confesso que adorei!!!



















Parque Rodó

Seguindo o conselho de Federico, gerente do restaurante Mamma Nostra, decidimos ir ao Parque Rodó, conhecer o Museu de Artes Visuais, o MNAV (Museo Nacional de Artes Visuales). Precisávamos caminhar e ficava perto de onde estávamos, nosso hotel também era bem próximo.
O Parque Rodó é imenso, em 2011 fomos para lá com nossos filhos. Tem muitos brinquedos para crianças, além de um parque de diversões permanente, feirinhas, pedalinho, fontes, esculturas e verde, muito verde. O museu nós não conhecíamos e achamos que seria interessante para preencher nossa tarde.
Foi muita falta de sorte, o museu estava em reforma, apenas uma exposição permanente estava aberta, a sala do artista Juan Manuel Blanes, o chamado "el pintor de la Patria" (1830 a 1901). Seus quadros nos impactaram pela veracidade, em especial o Retrato de la Sra. Carlota F. de R. e La Paraguaya. São impressionantes. Valeu a visita (é grátis!), apesar de só termos visto essa ala.
Esse painel fica ao lado do museu. Belíssimo!

Mamma Nostra. Hummmm!

Uma coisa que nós sempre observamos quando procuramos um restaurante fora do Brasil, é se ele é frequentado por pessoas do lugar. Isso para nós é um bom indício de que a comida é boa e o preço justo. Procuramos também lugares bem avaliados por outros turistas, mas sempre à espera do "surpreendente", aquele que vai ficar em nossa memória por algum detalhe e que talvez não encante outras pessoas, mas no nosso momento foi especial. Nesta viagem esse "surpreendente" foi o Mamma Nostra (Coronel Mora, 451. Punta Carretas, Montevidéu).
Ele "nos achou", pois estávamos à procura do La Pulperia, fechado para almoço, então como estávamos muito cansados e famintos, decidimos atravessar a rua e resolver este problema imediato, ter uma boa refeição. Jantamos muito cedo no Brasil, não tomamos café da manhã (lanchinho de avião não é café, né?) e precisávamos nos alimentar.
De cara observamos o nosso bom sinal: pessoas do lugar em uma conversa animada com o gerente. A decoração é bastante simples, mas isso é o que menos importa. Flávio pediu logo um tannat para começar e recebemos um couvert saboroso para acompanhar, de torradas com molho semelhante ao nosso vinagrete, porém mais adocicado e com bastante azeite.
Pedimos uma degustação de massas para compartilharmos enquanto pensávamos qual seria nossa investida, massas ou comida mediterrânea. O que eu pensava que ia ser apenas uma amostra, foi já um senhor prato! O gerente, Federico, simpaticíssimo e de boa conversa, falou que a chef não gostava de cozinhar pouco e fez uma porção e meia para nós dois. Aplausos, chef! Este foi o tamanho de nossa degustação...
De comer rezando!!! Estávamos com fome, mas nunca comi massa tão deliciosa. Levíssima, os recheios muito sutis e realçados. Pedimos sorrentinos de queijo e presunto, sorrentinos negros de camarão e raviollones de frango com gengibre ao molho de ervas finas. Não sei dizer qual o mais saboroso, talvez o que levava gengibre, era um toque muito sutil que aparecia só ao final.
O vinho tinto acabou, pedimos um branco e ficamos querendo prolongar o almoço. Lugar agradável, comida boa, conversa legal e decidimos pedir um risoto de frutos do mar, também compartilhado e que mais uma vez foi aumentado pela chef. Estava sensacional. Mais aplausos!!!
Comida na barriga, vinhos na cabeça, decidimos...andar. Gastar o tempo sem pressa, desestressar. Montevidéu é o lugar perfeito para isso.

Cadê o restaurante???



Finalmente resolvemos fazer o que não havia dado tempo antes, procurar e anotar direitinho os lugares que deveríamos visitar. É, mas a fome não deixou. Quanto mais eu tentava ler alguma coisa em blogs, mas imagens de comida apareciam na tela do tablet. Decidimos o óbvio: procurar um bom lugar para almoçar e depois pensar o que fazer. Selecionei algumas opções no Trip Advisor e como a vontade de comer uma bela parrilla já estava presente, escolhemos um restaurante relativamente próximo e muito bem avaliado, o La Pulperia.
Flávio já havia recorrido ao frigobar e encontrado uma velha amiga, a Patricia.
Resolvi compartilhar dessa amizade...
Pedimos um mapa no hotel e a localização de casas de câmbio próximas, observamos qual a rua do restaurante e saímos. Dinheiro trocado no bolso, começamos a procura pelo La Pulperia.
Punta Carretas é um bairro bem residencial, mas com muitos bares e restaurantes interessantes. Passamos por algumas opções bem avaliadas no Trip, mas eu havia cismado que aquele era o restaurante perfeito para aplacar a minha fome. Andamos, andamos, andamos e não conseguimos achar o lugar, eu já estava começando a achar que havia desaprendido a me orientar. Já estávamos procurando em outra rua, quando um guarda-coches (nosso flanelinha) percebeu que precisávamos de ajuda. Ele não teve dúvida, saiu nos acompanhando por duas ruas até dizer que o lugar era na esquina abaixo, na rua que estávamos antes. Muito cordial, sim, mas...cadê o restaurante??? Subimos outra rua e nos mostraram que o restaurante era uma casa de portas fechadas naquela esquina mesmo, muito mal pintada, sem nome e que em nada (nada mesmo!) parecia um bom lugar para comer.
Aí a fome e o cansaço apareceram de uma vez. Olhamos para o outro lado da rua, onde havia um outro restaurante de aspecto agradável e decidimos nos render às massas. As carnes ficariam para a noite.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Perdidos em Punta Carretas

Como falei no post anterior, começou nossa aventura de dois dias em Montevidéu resolvida na véspera, sem o menor planejamento. Já conhecíamos a cidade, estivemos nela em agosto de 2011 com nossos filhos, na época com 11 e 7 anos. Da outra vez, mesmo com as crianças e uma mala bem maior (dessa vez estávamos de "mochileiros"), pegamos um ônibus do aeroporto até Pocitos, onde ficava o nosso hotel e foi muito tranquilo. Nem pensamos em fazer diferente, pois o Intercity Premium fica em Punta Carretas, bairro vizinho a Pocitos.
Sempre Flávio, meu marido, se encarrega de definir a estratégia de passeios de acordo com a localização das atrações da cidade e como ele trabalha com mapas e é muito mais orientado do que eu (acho que ele tem um GPS de verdade na cabeça...), relaxei e nem me preocupei em olhar nada. Pois é, ele não olhou...
Nós adoramos andar de transporte coletivo fora do Brasil. Trocamos o táxi ou o transfer fácil, fácil, se tiver transporte de qualidade e lá em Montevidéu os ônibus são bons. As pessoas usam seus smartphones, tablets e notebooks sem o menor problema em todos os ônibus. Aqui em Recife nós ficamos receosos de usar qualquer tipo de celular, mesmo  dos modelos mais simples ou até usar uma bolsa, pois é arriscado voltar sem eles MESMO!
No guichê de informações na saída do aeroporto perguntamos o número do ônibus que ia para Punta Carretas e a funcionária nos mostrou que o mesmo estava na parada. Entramos no ônibus, a passagem era 45 ou 50 pesos, não recordo agora, e Flávio perguntou ao motorista se ele poderia nos deixar no ponto mais próximo ao Intercity. Ok, ele não conhecia o hotel. Perguntou o endereço, o hotel fica em uma esquina, mas ele também não sabia que ruas eram aquelas, certamente nenhuma na rota do ônibus, mas garantiu que nos deixaria em algum local próximo.
O ônibus seguiu e aquela sensação gostosa de familiaridade chegou. Reconheci muitos lugares que passamos, a memória estava boa apesar do cansaço. Consegui me orientar bem mais que Flávio, o que não é comum, e percebi que o motorista estava nos deixando na frente do Shopping Punta Carretas. Esse shopping é interessante, pois até um certo tempo atrás lá funcionava uma prisão. O atual presidente do Uruguai, Mojica, foi um dos que passaram uma "temporada" por lá. Descemos e fomos ao shopping que estava começando a abrir para perguntar a localização do hotel, mas novamente ninguém sabia da existência dessas ruas. Ai que falta fez o mapa!!!Do outro lado do shopping havia uma agência de turismo, lá fomos orientados a seguir em frente até o final da rua, dobrar à direita e andar uns seis quarteirões que íamos encontrar nosso hotel. Como andar era o que queríamos mesmo, seguimos!
As ruas são muito calmas e tranquilas, não vimos quase ninguém, mas ainda assim são seguras. Encontramos o hotel e fomos tentar descansar um pouco antes de qualquer coisa. O Intercity Premium é um hotel bastante funcional, com empregados cordiais e bem localizado. Se posso dizer que tem algum defeito é que os quartos têm cheiro de cigarro, mesmo em andares de não-fumantes, e  isso me incomoda um pouco. Fica em uma rua com escolas infantis na frente e creio que os andares mais baixos devem sofrer com o ruído na hora do recreio dos niños. Uma coisa legal  do hotel é uma água saborizada com rodelas de laranja bem gelada que eles oferecem na recepção, pelo menos essa época do ano, bem refrescante. O café da manhã é variado e saboroso.
Bom, banhos tomados, roupas arrumadas e...fazer o quê agora??? A fome apareceu, então, vamos comer! Começou assim o tour gastroenólico mais sem planejamento de dois dias em Montevidéu.

Saindo de casa para me sentir em casa. Ah, Montevidéu...

Tenho a plena certeza que estou pelo menos umas sete viagens atrasada. A proposta era escrever um blog para ajudar pessoas como nós a programar viagens rápidas, breves escapadas da tão pesada rotina. Mas os inúmeros compromissos do dia a dia e as horas bem puxadas de trabalho sempre fazem com que fique pra depois algo que muito me dá prazer, relatar minhas viagens e mostrar pedaços do meu encanto pelos lugares que visitei.
Hoje, no entanto, a ajuda é para um casal querido, Carlos e Cláudia, amigos que já me deram dicas bem valiosas em uma das primeiras viagens que fiz com meus filhotes para a Serra Gaúcha. Por eles, consegui sair da inércia, multipliquei meu tempo (exatamente como faço quando viajo) e relatei essa última louca e deliciosa pausa no cotidiano. Espero que eles "sintam" o Uruguai assim como eu e Flávio: um lugar gostoso, tranquilo, de gente muita boa e educada. Um lugar que eu gostaria de viver.
Dessa vez a aventura começou com um cansaço extremo. Flávio de férias, 30 dias em casa sem maiores programações, o carro no conserto após ser "atropelado" por uma moto, meninos na escola atolados de provas, trabalhos e tarefas e eu trabalhando, trabalhando, trabalhando...Com a eleição presidencial, feriados e sem o carro, passar um final de semana fora tornou-se algo impensável. Hotéis em praias próximas com diárias a preços absurdos e as boas opções para o que pretendíamos geralmente lotadas, era o cenário que mostrava que as férias de Flávio iam ficar restritas às suas caminhadas matinais e aos programas do NatGeo e do Discovery. E eu cansada. Muito! Exausta. Aos 48 do segundo tempo, oito dias antes do final das férias dele, decidimos usar algumas milhas e viajar no dia seguinte, menos de 24 horas depois. Sim, por que não? Acho que entramos em transe ou surto em comum, mas o fato é que quase à meia-noite do dia 28 de outubro, compramos com 10.000 milhas Fidelidade por trecho nossas passagens e reservamos um hotel pelo Booking (bom e barato!) para um bate e volta em Montevidéu, cidade que considero encantadora, com suas ruas tranquilas, seus moradores educados e prestativos, e lugares especiais a descobrir, apesar de muitos amigos a acharem parada por não ter o "glamour" da vizinha Buenos Aires ou de outras capitais da América do Sul.
O dia 29 foi um dos mais longos de minha vida: trabalhei, fui à bancos, fiz pagamentos, organizei a vida escolar (e o lazer) dos meninos e a da casa, comprei e distribuí alguns presentes, desmarquei aulas e compromissos e ainda consegui arrumar a mala momentos antes de sair para o aeroporto. Ufa! Contava que o planejamento da viagem ficasse a cargo de meu marido (de férias...), mas ele também teve suas coisas para colocar em dia. E assim, um achando que o outro estava com a viagem organizada, partimos.
Saímos às 22h37min do Recife, chegando em Montevidéu às 8h25min, horário local, após quase nove horas de voo com uma conexão atrapalhada em Guarulhos com direito à falta de bagagem e troca de terminais. Uma boa dica para gosta de uma janelinha de avião é escolher o lado esquerdo. Você visualiza o Rio da Prata, que mais parece um mar cinzento, e se viajar nessa mesma hora ainda tem um belo amanhecer de brinde.
A fachada do aeroporto Carrasco eu considero uma das mais bonitas que já vi, é interessante, com um formato bem diferente. Vale prestar atenção na chegada/saída. O desembarque geralmente é tranquilo, o aeroporto é pequeno, mas moderno e funcional. A imigração é rápida e em seguida está o freeshop, bastante completo e com funcionários prestativos e simpáticos. A cordialidade uruguaia já nos deu as boas vindas nesse momento: a vendedora que nos ajudou (infelizmente não recordo o nome, lembro que é uma senhora morena, de cabelos cacheados e que adora falar português) me presenteou com uma belíssima bolsa da Hugo Boss apenas porque esperamos pacientemente ela terminar de atender alguns turistas brasileiros apressados que interromperam algumas vezes nosso atendimento. Estávamos tranquilos, fazendo hora mesmo, pois nosso check-in no hotel só poderia ser feito às 10 horas (cortesia do Booking, o correto era às 15 horas!).
Após as compras, fomos trocar algum dinheiro para podermos seguir para o hotel. No aeroporto o câmbio é menos vantajoso, mas a diferença é de alguns centavos em relação ao centro. Para a conta ficar mais fácil, multiplique/divida tudo por 10, pois 1 real é igual a 10 pesos uruguaios, com pequenas variações para mais ou menos.
Aí começou a aventura...